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Mercados por TradingView

Qual o investimento mais amado do Brasil?

24 de agosto de 2020
Escrito por Terraco Econômico
Tempo de leitura: 4 min
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Raio X do investidor brasileiro - ilustração de três sacos de dinheiro com uma flor saindo do do meio

O ano era 2019 e o Bull Market estava feroz. Ibovespa acompanhando o ritmo global e subindo (quase) todo dia. A impressão era de que ações nunca mais iriam cair. Entrada de milhares de CPFs na B3, em um movimento extraordinário. Selic caindo e com sinais de que deve ficar baixa por muito tempo. De posse de todas essa informações, se você tentasse adivinhar qual foi a alocação financeira mais feita pelos brasileiros no ano passado, qual seria seu chute?

Separando em sete categorias e elencando-as da menos destacada para a mais, temos: em sétimo lugar, com apenas 2%, as moedas estrangeiras. Em sexto, com 3%, as ações (é possível que aqui já tenhamos alguns incrédulos leitores). Na quinta posição, com 4%, títulos públicos (“mas o Tesouro Direto não tinha se popularizado? só isso?”). Em terceiro lugar, com igual peso, de 5%, títulos privados (LCI, LCA, debêntures, CDB) e previdência privada. Na segunda colocação, com 6%, os fundos de investimento.

Chegamos então a ele, o campeão. Com notáveis 84% de participação, monte que supera com facilidade a soma de todos os outros anteriores, a tradicional Poupança.

Esses dados estão na pesquisa Raio X do Investidor, da ANBIMA, que chega nesta publicação a sua terceira edição.

Apesar desse resultado um pouco controverso, é interessante observar que o movimento de redução de alocações na Poupança é notável, ainda que todas as outras seis categorias tenham ficado quase no mesmo patamar durante os três anos do estudo:

Por que será que isso acontece?

Dentre os motivos pelos quais isso acontece, podemos elencar por exemplo que isso tem relação direta com a Selic baixa sendo um fenômeno recente demais – incapaz ainda de inspirar alocações mais arriscadas -, a educação financeira ainda ser um certo tabu e, para além desses dois, o hábito de poupar ser dependente da renda e de como o consumo ocorre.

Em relação a esse terceiro item cabe fazer uma observação importante. Para quem pesquisa um pouco mais e lida mais organizadamente com suas finanças pessoais procurar alternativas mais rentáveis de investimento no cenário atual de baixa taxa básica de juros parece óbvio. Mas essa está longe de ser a realidade da maioria dos brasileiros. Dentre outros motivos, porque a renda se aproxima da subsistência. Segundo o IBGE, um quinto dos trabalhadores tinha renda média em 2019 igual a metade de um salário mínimo.

Os hábitos de uma boa lida com o dinheiro podem sim serem ensinados. Mas o caminho ainda é bastante árduo, tendo em vista que nosso déficit educacional é tão amplo que fica difícil elencar como prioridade o ensinar sobre dinheiro adiante de português e matemática, ainda que possam esses dois serem de alguma forma mesclados com aquele outro. Há outros problemas mais urgentes a serem resolvidos primeiro.

Mas há uma parte cheia nesse copo!

O estoque atualizado de recursos na poupança, para o mês de julho de 2020, é de R$973,669 bilhões – estoque esse que foi reforçado por uma entrada líquida de mais de R$110 bilhões nos primeiros seis meses desse ano. Quase um trilhão de reais na Poupança.

Neste ano temos o fator coronavírus, que tornou mais complexo qualquer tipo de previsão – algo que possivelmente pode ter contribuído para esse aumento de alocação na Poupança. Mas é aí que está a oportunidade: esse montante imenso de dinheiro que literalmente perde para a inflação pode ser atraído a alocações melhores.

O movimento de desbancarização do brasileiro, de uma caminhada a investimentos melhores, está apenas no começo. Existe um campo imenso para que novos produtos cheguem ao investidor e tornem-se possibilidades reais.

Lembremo-nos do gráfico acima citado: o movimento de queda de utilização da Poupança é maior do que o aumento individual em cada uma das outras categorias, mas como a queridinha do Brasil ainda tem um montante enorme (e rendendo abaixo de zero), não faltam motivos para que quem detém oportunidades mais atrativas possa colocar seus produtos na mesa.

O que dá pra esperar pro futuro?

Esse estudo da ANBIMA formará ao longo dos anos uma base de dados interessante sobre o que o brasileiro médio faz com seu dinheiro quando o coloca no sistema financeiro. A depender do evoluir dos três fatores aqui citados – a Selic seguindo em baixa, a educação financeira se tornando mais popular e o hábito de poupar também -, podemos observar uma mudança nesse cenário.

Importante ressaltar também que a Poupança tem forte presença no financiamento imobiliário nacional e, por este motivo, não dá para imaginar que nos próximos anos a queda seja tão forte que essa alocação praticamente suma. Ela deve continuar bastante presente.

Em todo caso, antes de imaginar que é “um completo imbecil” aquele que não tem uma bela e diversificada carteira, lembre-se que, na média, é de uma maneira absolutamente conservadora e tradicional que o brasileiro médio investe. A decisão entre “fazer troça” com isso ou contribuir com o escoamento desse dinheiro para diversos setores dependerá diretamente da qualidade do diálogo entre quem oferece produtos financeiros e quem pode alocar recursos neles.

Ou, mais diretamente: a batalha é árdua, mas há muito dinheiro na mesa. Oportunidade, para quem investe e pra quem quer captar recurso, não vai faltar!

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