Mercados por TradingView
Hoje em dia, no mundo da informação e dos bits, é quase impossível não ter presenciado alguém falando sobre investimentos. Todo mundo quer descobrir a fórmula mágica para ganhar dinheiro no menor tempo possível. Seja em ações, na compra de um imóvel, no investimento em ouro ou no desembolso no título de uma empresa, esses investimentos não passam de especulações (no sentido literal da palavra): a expectativa de retornos positivos valem o risco em colocar o suado dinheirinho nesse ativo, embora tudo isso esteja vinculado a uma especulação.
É esse o contexto do livro Axiomas de Zurique, escrito por Max Gunther, cuja primeira edição foi publicada em 1985. Poucas pessoas do mercado financeiro desconhecem essa obra, embora nem todas a tenham lido o livro de fato. A Suíça, que é um país conhecido por não se meter em guerras e em conflitos mundiais, também é famosa pela alta concentração de bilionários no seu território.
Muita gente foi pra lá depois de enriquecer, mas também há quem tenha ganhado fortunas por ali.
A proposta do livro, portanto, é desvendar quais eram as técnicas utilizadas por esses especuladores (é assim que são descritos os investidores ao longo das páginas) para atingir tamanho patrimônio financeiro.
Para organizar seu raciocínio, o narrador-personagem (que em nenhum momento revela sua identidade) descreve os 12 axiomas a respeito do tema, e, a partir deles, dá uma série de exemplos e conta histórias que vivenciou junto com esses especuladores para provar o seu ponto, que são discutidos através dos 16 axiomas menores. Alguns pontos são consensos no mundo dos investimentos, mas outros são extremamente polêmicos.
Em relação aos consensos, o livro traz a importância de se manter atento às notícias e aos fatos que podem alterar a percepção sobre determinada especulação que a pessoa está envolvida, seja em uma ação ou imóvel para vender. Diz ainda que é normal ficar preocupado e “suar frio” em momentos de tensão; na realidade, para ele, anormal é ficar tranquilo o tempo todo. Ainda, a importância de que a confiança em um dado palpite possa ser explicada por argumentos lógicos, pois muitas vezes o investidor é tomado pela emoção e comete erros básicos.
Sobre esse último ponto, o narrador conta a história de um casal que recusava seguidamente propostas para a venda da casa onde moravam, pois tinham a expectativa que iriam receber proposta melhor. Mas a proposta melhor nunca veio, e o mercado virou. No final, tiveram que aceitar outra proposta tempos depois por quase metade do valor que haviam recusado anos antes.
Contudo, os Axiomas de Zurique são lembrados muito mais pelas suas polêmicas do que pelas suas virtudes. No livro, por exemplo, os investimentos a longo-prazo (em horizontes acima de 10 anos) são desencorajados. Segundo o narrador, se não sabemos o que nos espera amanhã, para que investir em um prazo tão longo?
Outro consenso é questionado também no livro: a diversificação. Não faz sentido diluir seus ganhos colocando vários tipos de ativos na carteira. Essa compensação nos rendimentos é ruim aos olhos dos suíços. Afinal, do ponto de vista especulativo, você deve agarrar uma oportunidade que veja com grande potencial e não deve ficar preocupado de fazer um “seguro” se der tudo errado. Para o narrador, se algo der errado, saia o quanto antes, uma vez que muitas vezes o especulador fica vinculado emocionalmente a um papel e tem dificuldades de se desfazer da sua posição.
Não é à toa que muitas vezes os Axiomas de Zurique são entendidos como uma afronta aos bons princípios das finanças modernas. Afinal, se olharmos o que o guru Warren Buffett faz em sua estratégia de investimento, parece claramente o oposto do que é defendido nos Axiomas.
No fim das contas, apesar das polêmicas (que têm muito mais a ver com a época e a quantidade de informações que o investidor-especulador tinha em 1985 em comparação ao que se tem hoje), os Axiomas de Zurique são uma ótima opção para refletirmos sobre o nosso próprio comportamento quando lidamos com investimentos.
Podemos aprender com os suíços formas de chegarmos a tão sonhada independência financeira por meio de um olhar atento a oportunidades que estão literalmente na nossa frente!
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