Saiba como investir no exterior

Até alguns anos atrás, investir no exterior era pouco ou nada acessível para os investidores em geral. A principal dificuldade para se diversificar o portfólio globalmente ia desde restrições financeiras, devido aos altíssimos custos de se abrir uma conta em outro país ou a baixa liquidez de alguns ativos internacionais, até restrições legais de uma economia brasileira consideravelmente mais fechada para tal.

Um passo importante para diminuir a própria desconfiança dos investidores em relação às aplicações estrangeiras, foi o programa do governo federal que permitiu a regularização de bens lícitos mantidos no exterior e não declarados à Receita, a chamada Lei da Repatriação.

Outros fatores também têm tornado mais popular a possibilidade de brasileiros distribuírem seus patrimônios em outros países. O primeiro deles foi a maior presença de grandes gestoras independentes de recursos no exterior oferecendo veículos exclusivos de investimento para investidores brasileiros, além de instituições brasileiras abrindo subsidiárias no exterior – um facilitador no intercâmbio de riquezas.

Um segundo fator mais recente foram os juros em patamares mais baixos, este fato diminuiu a atratividade das aplicações em renda fixa local, o que despertou a atenção de brasileiros em relação a oportunidades de obter maior rentabilidade no mercado externo.

Um terceiro fator, muito importante, foi a difusão dos Certificados de Operações Estruturadas (COE). Este tipo de estrutura permitiu a investidores brasileiros investirem indiretamente em ativos estrangeiros com aportes iniciais em reais a partir de níveis mais baixos. O COE permite que investidores comuns passem a ter acesso a ativos antes bem restritos e sujeitos a um altíssimo risco cambial. Por meio destas estruturas, os melhores hedge funds e ações do mundo, como Google, Apple, Amazon e Facebook, agora estão disponíveis aos investidores locais com apenas um clique.

Investir no exterior

O leitor mais incomodado e preocupado em investir no exterior deve estar se questionando: dado que a bolsa local está mais madura e com muitas alternativas de investimentos disponíveis, além de ter tido um bom desempenho nos últimos 12 meses, os juros locais que, apesar de mais baixos para padrões brasileiros, continuam sendo um dos mais altos do mundo e além de um número alto de gestoras de recursos locais respeitadas e com um ótimo histórico de performance, por que valeria a pena investir no exterior?

A resposta reside na diversificação. O patrimônio dos investidores locais está diversificado em termos de classe de ativos (ações, títulos de renda fixa, fundos). No entanto, este mesmo patrimônio está concentrado em investimentos brasileiros, por tanto, o patrimônio do investidor local está muito exposto ao chamado risco Brasil.

A recente greve dos caminhoneiros no mês de maio trouxe consigo a antecipação da conhecida incerteza eleitoral. Este evento mostrou a todos os perigos de se estar totalmente exposto ao risco país. O que aconteceu nos meses de maio e junho foi uma piora conjuntural e sistêmica para as expectativas em relação ao país como um todo. O que se viu foram todos os ativos locais, seja ele de renda fixa ou variável, sendo afetados negativamente ao mesmo tempo.

Já se trata de uma recomendação explícita de consultores de investimento que o investidor reserve de 10 a 20% de seu patrimônio em ativos no exterior. Para aqueles de fortunas maiores esta recomendação pode chegar a 30 ou 40%.

Hoje, com o avanço da tecnologia, é possível saber em tempo real como vai seu investimento em um fundo americano, pode escolher se proteger ou não da variação do Euro, pode investir na bolsa de Tóquio com apenas um click de seu smartphone, tudo de forma prática, segura e transparente. De fato, o mundo ficou pequeno. Aproveite!

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