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Mercados por TradingView

Seria o Facebook capaz de derrubar os mercados?

2 de agosto de 2018
Escrito por Hugo Paixão
Tempo de leitura: 4 min
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Mais uma vez o Facebook Inc tem surpreendido analistas financeiros mundo a fora. A empresa já é tão grande que movimentos para cima ou para baixo nas cotações de suas ações parecem influenciar massivamente as demais ações de tecnologia, como também outras empresas de ramos diversos da economia.

No início da semana passada, o cenário macroeconômico se mostrava promissor para empresas americanas: uma trégua comercial entre EUA e UE, expectativas de números robustos do PIB americano, e, nos fundamentos microeconômicos, o lucro das empresas crescendo a 20% empurravam as ações para cima.

No entanto, na quinta-feira passada, um dia depois das boas notícias vindas do possível “trade war”, os índices acionários desabaram. O motivo foi micro, em especial no Facebook. A empresa apresentou seu balanço do segundo trimestre que, de acordo com o mesmo, a receita da empresa cresceu 42% ao invés dos 43% esperado e analistas viram nesta quebra de expectativa um possível atingimento de platô pela empresa, prevendo possibilidades cada vez menores de crescimento, um desastre em termos de expectativas. Resultado: o Facebook perdeu 100 bilhões de dólares em valor de mercado em apenas um dia.

O número parece assustador, mas para os padrões da empresa, que costuma quebrar os padrões do que é considerado normal, até que não foi tão danoso. Ela continua sendo uma das maiores do mundo, valendo 505 bilhões de dólares.

Mas a pergunta permanece: seria este gigante capaz de influenciar movimentos coordenados das ações americanas?

A relação direta desta influência não parece muito clara. A receita da empresa advém massivamente de anúncios patrocinados, que depende, por sua vez, do crescimento de usuários da rede. Não há uma dependência clara de fatores macroeconômicos clássicos ou do mercado publicitário em geral.

Além disso, a margem do Facebook é relativamente mais alta que a média das grandes empresas americanas, além de ser pouco influenciada por possíveis consequências da guerra comercial, a empresa é basicamente bloqueada na China.

Mesmo assim, a empresa é considerada uma das líderes das maiores empresas do mundo, que compõem o acrônimo FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google). Desde 2016 estas empresas representaram 25% do ganho de mercado do principal índice acionário americano, o S&P 500.

Esta dependência do desempenho concentrado de poucas ações, refletindo em alta correlação no mercado acionário como um todo, é comum em momentos de máximas históricas, como tem vivido a economia americana nos últimos dois anos.

O setor tecnológico

A grande diferença entre o momento que vivemos hoje e os outros picos históricos é que mesmo a concentração de poucas ações nos picos anteriores, havia uma certa diversificação por setores. Na máxima anterior ao estouro da bolha tech de 1999, haviam duas ações de fora do setor tech que compunham o Top Five das maiores empresas do mundo: GE e Walmart. Na máxima seguinte, em 2007, apenas uma empresa do ramo de tecnologia integrava ao clube das cinco gigantes, a Microsoft.

Hoje, o Top Five da bolsa americana é composto exclusivamente por empresas do setor de tecnologia, além da participação bem maior de empresas deste ramo em valor de mercado na composição do índice como um todo.

Estas diferenças históricas dizem muito sobre a importância do setor de tecnologia e a da dependência do mercado em relação a ele. Tentando responder à pergunta que encabeça nosso texto, empresas como Facebook ou qualquer uma das outras FAANG, são sim capazes de derrubar os mercados e a economia como um todo. O motivo? Cada vez mais a tecnologia é utilizada de maneira indissociável na economia em todos os setores, seja agricultura, indústria ou serviços em seus processos de produção, logística, atendimento e comunicação ao consumidor final. Isto quando estas empresas não se limitam somente a melhorar os processos de outras empresas, mas sim atuam fortemente na economia real.

A Amazon é um exemplo. Hoje a companhia é o maior varejista americano, superando o gigantesco Walmart. O Google domina a indústria de propaganda, além de atuar em outras frentes como no mercado de automóveis. Netflix hoje é tão parte de Hollywood quanto qualquer outro gigante do mercado de audiovisual.

É aí onde se encontra a influência. Os valores das ações atingiram seu pico hoje por conta do lucro destas empresas abertas de tecnologia, que crescem a um ritmo mais acelerado que as demais empresas da economia. Além de atuarem em frentes produtivas, estas empresas dominam o ativo mais valioso de nossos tempos: informação.

Toda esta volatilidade do Facebook pode refletir como investidores estão agitados a respeito da possível perda de relevância da companhia no longo-prazo sobre a incerteza da dominância do grupo FAANG como um todo, sobre a relevância da economia americana. É como num exercício de memória se lembrar do passado recente de gigantes como Walmart e GE vivenciando seu reinado e ao mesmo tempo prevendo de certa maneira o seu fim.

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