Um caldeirão chamado Croácia

Nos últimos dias, a Croácia ganhou as manchetes mundiais devido a sua seleção nacional de futebol ter chegado a uma final inédita de Copa do Mundo, contra a França. A partida que foi disputada no último domingo (dia 15/07) acabou sendo vencida pela seleção francesa, mas de maneira alguma apagou o brilho croata, cuja seleção demonstrou comportamento aguerrido até os minutos finais de partida.  Dentro de campo, a Croácia ferveu seus adversários em longas seções, várias prorrogações, transformando todos os jogos em um enorme caldeirão.

Futebol a parte, a Croácia analisada como nação (e não apenas como uma seleção de futebol) fez aflorar as mais diversas paixões. E a analogia do caldeirão se faz presente mais uma vez: um país forjado por diversos ingredientes históricos e tudo em altíssima temperatura. A questão do nacionalismo croata acabou entrando em pauta, dividindo opiniões (e a torcida). Até a presidente do país, Kolinda Grabar-Kitarović, acabou ganhando destaque, principalmente por ter viajado até a Rússia de classe econômica e dispensado trajes mais formais durante os jogos. Mas além de todo esse destaque, a Croácia é um país de uma história vastíssima e cheia de trâmites complexos. Um verdadeiro caldeirão ainda pouco conhecido por nós, brasileiros.

A Croácia é um país europeu que possui uma população com pouco mais de 4 milhões de pessoas. Localizado na região dos Balcãs, o país é banhado pelo Mar Adriático, do outro lado fica a Itália, sendo um dos pontos turísticos mais requisitados na Europa. A capital do país é Zagreb, cidade que possui quase 800 mil habitantes.

A história da Croácia

Em relação a sua raiz histórica, esta remonta ao reinado dos Habsburgos da coroa da Croácia-Hungria, no século XVI. Um acontecimento marcante na história croata ocorreria no início do século XX, durante a Primeira Guerra Mundial. Após o conflito mundial, o Reino da Croácia passou, junto com os reinos da Sérvia e da Eslovênia, a integrar o território da Iugoslávia. No entanto, essa união se mostraria altamente instável com o passar dos anos, acarretando em conflitos sangrentos e em genocídios étnicos.

Com a invasão nazista na Iugoslávia, o partido da Ustasha (um partido croata) acaba tomando o poder na Iugoslávia, inaugurando um período de terror que só terminaria com o final da Segunda Guerra Mundial. Após esse evento, com o regime socialista do ditador Tito, houve uma relativa paz na região, que seria quebrada no final da década de 1980. A Sérvia acabou iniciando uma guerra com os seus vizinhos, Croácia e Bósnia, o que resultou em uma das guerras civis mais sangrentas do século XX.

Muito devido a sua conturbada história, principalmente devido aos conflitos com a Sérvia, o nacionalismo croata é ainda muito forte. Esse nacionalismo croata, ou anti-sérvio, pode ser observado na canção “Bojna Cavoglave” de uma polêmica banda croata chamada Tomphson. A canção é uma espécie de hino nacionalista que flerta com o fascismo, dado a sua letra extremamente militarista, que “convoca” o povo croata para uma batalha contra os sérvios.

A economia da Croácia apresentou um PIB per capita de U$S 13.138 em 2017. Este valor representou um crescimento da economia croata, algo que também ocorreu em 2016. Esse crescimento em dois anos consecutivos é um sinal de recuperação econômica, dado que desde 2014 o PIB per capita do país apresentava queda. Além disso, a Croácia ficou seis anos (de 2008 a 2014) em recessão, algo que a fez ser comparada com a Grécia.

Mesmo com essa melhora em sua economia, o caldeirão croata ainda ferve. A adesão da Croácia à UE (União Européia) ocorreu em 2013, sendo que o país também é membro da OMC (Organização Mundial do Comércio) e da OTAN. Essa integração internacional, principalmente em relação ao Ocidente, demonstra que a Cróacia pretende ser um país cada vez mais aberto e integrado. Não obstante a essa tendência, a nação croata possui uma grande contradição: o seu nacionalismo arraigado que ainda fecha o país dentro de suas rivalidades regionais.